Último dia da viagem hoje, com um restinho de turismo feito já com o traseiro meio contraído, com medo de dar alguma zica e perder o avião. Ainda tentamos dar uma cruzadinha pelo estreito de Bósforo de barco mesmo, já que ontem, depois de andarmos uns 40 km para alcançar a ponte, descobríramos que não havia acesso a pedestres por ela. Como não chegou a surpreender, as fichinhas da catraca pro barco da ida eram diferentes das do barco da volta, meio como se o bilhete único para o 817H Pirituba fosse diferente do bilhete único para o 828P Pompéia. E nesta se vão 6 liras enfiadas na bunda comprando fichas que não puderam ser usadas. Um sexto da grana que embolsamos com a comida de bola do cara de ontem. Já no caminho para o aeroporto, a patroa teve a idéia de doá-las a algum pedinte. E a mulher sentada na escadaria da estação, com a mão meio imunda estendida, olha feio e nos dirige aquela expressão condescendente quando as recebe. Vaquinha.
Feitas as contas, foram inacreditáveis 15 cidades em 30 dias. Um pinga-pinga injustificável, coisa de quem quer abraçar o mundo uma fatia por ano, até que a morte me leve, e nada disto faça mais nenhum sentido mesmo. Algo que a cada fim de viagem eu prometo a mim mesmo que não voltarei a fazer só para, logo em seguida, fazer novamente. Meio como trepar sem camisinha.
30 dias com os mesmos tênis nos pés, com exceção de umas poucas horas da maratona, quando calcei os de corrida.... Um puta-merda comprado meio pra quebrar o galho na Islândia quando a bota de frio que era meio patrimônio familial se desfez, mas que vem segurando a onda legal este tempo todo... Duas cuecas que viraram trapos e duas que voltam bem surradinhas da viagem, e uma calça que se desfez ali no campinho, mas ainda bate um bolão se receber o devido reforço e remendo.
E agora é mais um ano de barriga crescendo, cabelo caindo, alma envelhecendo, muito trânsito, sol, calor e despropósito. Ano que vem provavelmente tem mais viagem, com um monte de elementos ainda um pouco mais anacrônicos neste meu impasse com uma existência cuja correnteza me recuso a permitir me levar, e que, por sua vez, se recusa a me abandonar. Valew aí, mano.