Em que pese todo o caos vigente no cotidiano deste país, com tanta gente se acotovelando pelas ruas, a inexistência de qualquer respeito por leis de trânsito, o risco de beber água da torneira e as inenarráveis privadas de chão, sem sequer um rolo de papel higiênico pendurado na parede, mas uma bica d'água e uma canequinha ao lado, ao menos uma bela vantagem a Turquia tem: os pontos turísticos aqui são mesquitas e mais mesquitas e mais mesquitas. Nada daquele tédio das mesmas igrejas católicas de sempre.
E uns 4/5 da cidade parecem ser uma contínua e interminável rua 25 de Março. O resto são as mesquitas e restaurantes de gente malandra, com aquele marketing agressivo de te agarrar pelo saco quando você está passando pela rua e, sem soltar, tentar te convencer de que a comida deles é o máximo, só para depois te cobrar couvert e garrafinha de água não solicitados, e que deram a entender ser oferta da casa. Aconteceu hoje.
Hoje, sexta-feira, dia sagrado dos muçulmanos. Passamos por mesquitas bem na hora de uma das 834 orações diárias. Milhares e milhares de homens (muçulmanas não rezam?) ajoelhadinhos descalços no tapetinho conversando com Alá. Pacíficos, nada agressivos ou incomodados com nossa presença, mas ainda assim é tão desesperadoramente bizarro... Boa parte daquela gente deve ter tido acesso a informação suficiente para transcender toda esta bobagem, mas continua participando alegre e acriticamente do ritual, orando para um deus que não os escuta, acreditando numa moralidade e num senso de propósito que dois segundos de reflexão honesta golpeariam tão mortalmente. E eu aqui aprisionado nesta massacrante comédia humana, e desesperançado da possibilidade de algum dia ser resgatado de volta a um planeta de gentes e modos mais razoáveis...



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