Como dizem os adesivos de parabrisas, shit happens. Às vezes, bem literalmente.
Em Ankara, ficamos hospedados num hotelzinho pra valer, destes com o tio que carrega as malas e tudo. Decadente, mas nada destas coisas de bed and breakfast, ou cadeia de hotel. Tinha, portanto, como raro nesta viagem, café da manhã incluído. Nada grande coisa, mas com direito a muitos queijos, que teriam, imagino, participação crucial nos eventos que se seguiriam.
Mesmo antes de sair do quarto pra ir bater perna, meus intestinos já deram sinal de vida... Não uma, como seriam convencional, não duas, como seria ainda aceitável, mas ainda uma terceira vez, com aquele retrogosto que me fez me indagar se uma vingança de Montezuma, ou de Atatürk, não estava a caminho.
Mas foi uma manhã peristalticamente normal, com um almoço farto e barato com aquela comida turca meio indiferenciada de sempre, com uma carne tipo kebab, alguma variação de uma massa meio folhada com alguma coisa a recheando, e muita salada e pimenta. Seguimos então para visitar a Cidadela, basicamente uma favelinha meio desabitada encastelada por muros num lugar alto pra burro. E então, quando apreciávamos de cima a pobreza e desolação da cidade ao nosso redor... Tadãã... Cólica súbita, forte, acompanhada de, como diziam na faculdade, puxos e tenesmos.... Eu nunca consegui entender com clareza o que estas duas palavras definiam, mas devia ser algo apontando para a iminência de uma tragédia prestes a se concretizar. E eu lá, no meio de lugar nenhum, sem nada vagamente semelhante a um banheiro à vista.
O desespero nos torna determinados, e não hesitei. Pedindo vigilância à pobre patroa, corri para um beco relativamente escondido e, num ato de afogadilho gastrointestinal, jorrei sobre a parede do cantinho uma generosa quantidade de material fecal liquefeito, rapidamente seguida pelos providenciais lencinhos umedecidos que a patroa carregava em sua mochila de 1001 utilidades.
Depois, mais um refil se apresentou para o serviço já dentro do cinema onde finalmente conseguimos encontrar filmes não-dublados em turco. É impressionante: na Turquia, os filmes são apenas legendados. Na Alemanha, teoricamente mais fluente em inglês e mais alfabetizada, tudo dublado.
E a noite vai ser passada dentro de um ônibus, a caminho de Istambul, ao que tudo indica sem banheiro. deus me dê forças e tônus esficteriano.
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